Numa tarde de domingo em abril de 1998, meu pai chegou em casa com uma pasta de apresentação promocional missionária que ele havia pegado emprestada do diretor da Missão Horizontes no Brasil e que mudou minha vida.

David Botelho estava recrutando estagiários venezuelanos para um novo programa de treinamento que começaria no ano seguinte. Meu pai, bastante animado, disse a ele: “Minha filha tem um chamado missionário”, então David não hesitou em dar a ele seu material promocional com a promessa de que sua filha os devolveria pessoalmente.   

E assim foi, no fim de semana seguinte fui devolver a pasta e ouvir David e Fred Nuckley compartilharem sobre seu programa de treinamento em uma igreja local em Caracas. David descobriu que eu falava inglês, então ele me pediu para traduzir para Fred, que tinha um sotaque inglês que eu nunca tinha ouvido antes. Enquanto Fred descrevia o que viria a ser conhecido como o projeto “Radical”, eu estava tentando muito entender o que ele estava dizendo e, ao mesmo tempo, captar o que isso significava para mim pessoalmente.    

Meu coração estava sendo agitado e um fogo começou a queimar dentro de mim que acendeu uma paixão para servir ao Senhor onde quer que Ele me levasse. Fiquei bastante determinado a usar essa janela de oportunidade para servir ao Senhor nas nações.    

Dez meses depois, Jesús, meu marido e eu nos despedimos de nossa igreja local e famílias e embarcamos na maior aventura de nossas vidas com a família World Horizons. Estávamos a caminho de Minas Gerais, Brasil, para sermos treinados junto com outros 10 venezuelanos e mais de 80 brasileiros. Durante nosso treinamento naquele país, muitos líderes da World Horizons do Reino Unido nos visitaram e continuaram a atiçar a chama do amor a Deus e Sua missão entre os povos menos alcançados do mundo. Nenhum desafio era grande demais para nos impedir de alcançar o campo missionário, pois estávamos totalmente comprometidos em ser “Radicais”.    

Desde então, passamos 24 anos servindo ao Senhor da colheita no meio de diferentes grupos de povos, compartilhando Sua Palavra, levando muitos a adorar seu Criador, orando por reavivamento em muitas nações e inspirando uma nova geração da América Latina a obedecer à Grande Comissão para que todos os nossos esforços possam trazer Jesus Cristo de volta ao nosso tempo. 

Atravessei o deserto do Saara sete vezes por terra, da Europa até a África Ocidental.

Um privilégio incrível. Experiências incríveis. Eu tinha 23 anos na primeira vez. Isso contribuiu para um profundo amor de vida pela África e a honra de ir viver e trabalhar lá. Isso conectou minha vida com tribos e lugares dos quais eu nunca tinha ouvido falar – enquanto, para ser justo, na África, ninguém tinha ouvido falar de mim e dos lugares de onde eu tinha vindo. Agora, muitas das minhas amizades mais profundas e experiências comuns são com pessoas do amado continente. Horizons (como era conhecido na época) deu o espaço e o incentivo para tentar algo um pouco fora da caixa.  

Portas se abriram, o que eu nunca tinha considerado remotamente. Minha experiência escolar no Reino Unido, depois de cinco anos de estudo, me deixou com um francês não classificado. Não dá para ficar mais baixo! A parte da África que me adotou é de língua francesa, com, claro, muitas línguas africanas diferentes.  

Conselhos de carreira nunca sugeriram trabalhar com nômades na beira do Saara. Mas... Deus tinha uma visão diferente da minha vida.  

Eu fui em várias viagens missionárias com a Horizons como um estudante universitário. Apertado em um veículo com outros jovens. Acampando sob as estrelas no sul do Marrocos. Lendo passagens bíblicas de Isaías sobre "estradas no deserto, esperança e promessa". Vi pastores no deserto, deslumbrantes vilas nas montanhas e comi comida em volta de uma tigela comum de pernas cruzadas em um tapete sob uma palmeira. Isso fez a Bíblia ganhar vida. Isso me formou.  Uma parte de mim que eu não tinha consciência ganhou vida. Não há nada melhor do que sentar em um velho trem africano passando pelo mato, tendo uma prece por vilas de cabanas de barro e conversando com generosos companheiros de viagem africanos. 

Pinguins ou pessoas?

Claro, houve momentos desafiadores. No final da faculdade, recebi uma oferta de um trabalho de pesquisa incrível trabalhando como ecologista. Lembro-me de perguntar a Deus com os formulários de inscrição preenchidos - "isso é realmente para mim?" No momento de silêncio, acho que ouvi Deus dizer "depende de você. A escolha é sua". Lembro-me de pensar "Por favor, Senhor - mais ajuda do que isso?!" E depois de um pouco de silêncio - ouvi o Senhor dizer: "Claro. Depende de você. Pinguins ou pessoas..." E uma enxurrada de rostos africanos veio até mim. E eu disse para ser honesto com um sorriso - "OK, Senhor, acho que isso é missões para mim - vou pedir para me juntar à Horizons por um ano, e não mais". Como todos nós, o Senhor foi paciente e me entendeu. E faço parte da família Horizons há mais de trinta anos e vivi, trabalhei e visitei mais de 70 nações como parte da minha história.  

Naquele "ano com Horizons", alguns de nós estávamos ficando cada vez mais atraídos pela África Ocidental. Éramos inocentes o suficiente para orar sobre mapas, pesquisar e pensar, e tivemos (ou Deus semeou em nós) a ideia maluca de reformar um antigo caminhão 4×4 do exército e ir para a África Ocidental por três meses para orar, explorar, experimentar e tentar ser uma bênção. Passamos um ano juntando as peças. Reconstruindo o caminhão. Pegando carona para grupos universitários CU/Intervarsity para encontrar outros dispostos a ir para uma aventura. Trabalho duro, muita oração e respostas incríveis. 

Não há nada como viajar para ouvir a Deus e ser desafiado. Então, nos anos seguintes, fizemos mais viagens, fizemos conexões, construímos uma equipe e uma rede, aprendemos francês e então alguns de nós nos mudamos para a África Ocidental. A maioria das pessoas nas primeiras viagens foi trabalhar em missões e desenvolvimento em todo o mundo. 

Agora, anos depois, há muitas igrejas iniciadas, escolas estabelecidas, assistência médica instalada e muitos projetos para desenvolver bem-estar econômico e social. Temos sido um pouco do processo de muitos encontrarem a fé e agora há uma série de movimentos missionários locais indígenas africanos. 

Então, se você está lendo isso – e fazendo perguntas, então esteja aberto para que Deus tenha alguns pensamentos divertidos, mas profundos, para sua história que estão muito além de suas “realidades” atuais. Lembre-se de que Deus ama trabalhar através do “abundantemente mais do que podemos pedir ou imaginar”, e tecer você em algo que fará a diferença para o mundo que Ele ama. 

Ficarei feliz em conversar com qualquer pessoa, caso isso lhe interesse em suas aventuras e iniciativas em missões.  

Na World Horizons queremos viajar com você enquanto você explora como seria esse chamado e mostrar como vivê-lo para que você possa desempenhar o seu papel na construção do Reino de Deus.